segunda-feira, 2 de junho de 2008

Choram as Rosas (Crônica)


Ontem pela manhã, quando vi um jovem casal se abraçando aqui em frente da loja, lembrei de uma reportagem que havia lido num jornal ou revista dias atrás. Era sobre um outro casal, de agora já velhinhos, que estavam completando 50 anos de casamento. A família havia feito uma festa onde celebrava e testemunhava aquela relação como uma passagem feita de amor. Estendia-se a reportagem com o depoimento dos cônjuges, e a ilustrava uma foto onde se percebia a ternura no olhar de ambos.
Fiquei refletindo sobre o que somos...eu e você...
Quantos amores e romances começam, mas quantos seguem?
Quantos se resumem a um dia. Há aqueles de alguns meses, outros de uns poucos anos e alguns terminam depois de décadas. Mas alguns ficam e não perecem jamais. Passam as pessoas, consomem-se as vidas, mas nada termina aquela união. São dois corações que se fizeram um só, às vezes, se odiando e cada um do seu lado, separados mas ligados, amor oculto, amor ingrato ou simplesmente gostar....
Não nascemos para viver sozinhos, machuca a solidão. Precisamos de contato, amor, carinho, compreensão. Nos ressentimos se não temos amizades, apertos de mão, sorrisos e elogios. Bom ouvir “olás e ois”, “como vais?” “tudo bens”? Queremos um aconchego, precisamos de cumplicidade e de olhares de aprovação ou de crítica das pessoas que gostamos.
Parece ser bom namorar, diversas vezes até, conhecer novas pessoas. Amadurece, dá noções, pesos e medidas. Descobrem-se os limites, o que realmente se procura mas desde que seja real e não fantasias.
Mas é triste ver aqueles amores perenes, que se constituíram como projetos de vidas acabarem-se.
Alguns de forma rápida, intempestiva, como um vento que vem rápido e forte: resulta em rosas que restam despedaçadas pelo chão. Observo no meu quintal, aquela roseira, ora bela e carregada de flores, ora triste e no chão ao redor coberto de pétalas desprendidas do que um dia foram rosas...
Outros terminam aos poucos, vão esfriando devagar, até que não reste mais nada. Como rosas que perdem suas pétalas...uma de cada vez. Ás vezes até restam juntos, os outrora amados, mas agora sem mais cor, graça e calor.
Passam os tempos e enquanto o sol e a lua alternam-se no céu, como cúmplices, calados e impassíveis, testemunham que aqui na Terra, são muitas as vezes em que choram as rosas...

Davi "El Brujo™"

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