domingo, 30 de novembro de 2008

Entrega


Estás sem sono
Observas de olhos fechados
A luz dos raios e a chuva que cai
Tornam no relampear
A chuva e o trovão

Em desejo e fogo
Penumbras e breve visão
Notas-me em sombras e toques
Meu seu corpo seminu
Acalenta-se pelo seu

Invadirei a sua cama! obsceno
Desferirei palavras devassas
Em seu ouvido, suavemente
Sentirás o peso do meu corpo
Possuirei-te...

Entre gemidos e sussurros
As palavras devassas
Tornarão-se doces desejos
Seu corpo passivo se entregará
Está escuro! Tatearei,

Sentirei você na ponta dos meus dedos
Minhas mãos percorrerão seu corpo
No transformar do desejo, devassidão!
Em uma língua que percorrerá
Todos os seus mais íntimos espaços

Já não poderá se mover
Neste inebriante ritual
Beijos, Dedos e língua
Eletrizarão seu corpo,
O meu corpo se movimentará

A penetrar o seu
Saciando a sua fome de desejo
É tarde da noite
Quando a areia do tempo parece parar
Os desejos nos tornarão completos.

(Davi “El Brujo”)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Nada



A Semente...
Que germina e cresce;
Cresce, cresce
Flores e frutos;
Caem...

Os nossos ossos,
E nosso ofício...
Descarnado sob o solo...
De sangue seco e
Nenhuma palavra sobre nós

Nada sobre o nosso amor
Inébrio...
Irrefreado...
Misterioso...
Silencioso...

Futuro contundente
De presente flexível
Passado sem tempo
Prazo de nosso amor
Minha dor fatal

Nada...
E a ausência de corpos
Nada restou...
Nada.
Nada apenas...

Davi “El Brujo™”

Amor Covarde




Hoje me sinto quase de luto
Nem por mim, e nem por nada
A alegria de despertar era bela
Desfez-se impar silenciosamente calada
Numa madrugada desesperada

Linha tênue entre querer e poder
Quase viver e sobreviver a mim
Aos desejos contidos de um beijo
Não valida às frases trocadas
Os carinhos nascidos em nós

Em ódios e bem quereres
Nem por ninguém, nem por você
É o passado recente que agora queimas
Do desejo carente que agora aboles
É o medo sentido das verdades que sei

Daquilo que deixamos de viver
Desejei poder e querer tocar-te
Mas a covardia de amar por fios e freqüências
São as lacunas diárias entre nossas dimensões
Afasta-te de mim, e me torna órfão de nós

Sentimentos desconhecidos que atormentam
Que você não merecia,
E eu covardemente desejava merecer-te
Trazer-te uma boa noite por desejar-me
E encontrar-te ao amanhecer.

Davi “El Brujo™”

domingo, 16 de novembro de 2008

Beijo Eletrônico




Envio meu beijo eletrônico
Não sabes o meu IP
Mas tenho seu endereço
Imagem difusa na tela

Beleza catódica na net
Espírito magnético na rede
Percorre na velocidade da luz
O caminho até você aí

Da caixa mágica ligada
Em fios plugados na parece
Córtex em dados binários
Circulação sanguínea

Em forma de eletricidade
Os pensamentos são hexadecimais
Algoritmo perfeito decifrado
Envio meu beijo eletrônico

Davi “El Brujo™”

terça-feira, 11 de novembro de 2008

"38" Special




“38” Special

Apontas para mim...
E eu olho fixo a ti
E eu vou desafiar-te
A proferir as suas palavras
Covardemente lançadas
Perfurantes como projéteis
É a esmo a sua alegria

E no seu sorriso remoto
Felicidade de alguns
É a tristeza de outros
Raio-x de revólver
E o disparo da bala
Calibre trinta e oito
Volta e meia o estampido

É o projétil em palavras
Ouço o seu zunido
Sinto seu impacto...
Mas sobreviverei
Embora queimado pelo chumbo
Ostentarei com orgulho
Minha invisível cicatriz


Davi “El Brujo™”

Queda do Alto




Tal como Ícaro voei
Fiz as minhas asas nos braços
Agitei vigorosamente
E subi ao som dos ares
Em direção ao sol

Espectros refletidos
Enganosas cores espalhadas
Beleza demoníaca
Agora circundados
Em minha aura maligna

Desdém de minha confiança
E a queda do alto
Mas eu queria subir
Tocar o sol e fazer parte do seu brilho
Com a minha maneira de voar

Em minhas asas montadas
A vontade forjada em cera
Visão da vida pelo céu
E o desencanto aos Deuses
Do que era moldado

É disforme agora
Partículas pelo céu
As penas flutuam
Entre as gotas de cera
Pairam agora ilusórias

Em segundos existenciais
E nada a fazer, mesmo
Embora pudesse lamentar
Minha queda no infinito
Em meu vôo sem asas

Davi “El Brujo™”

sábado, 8 de novembro de 2008

Natureza e Sangue (Reescrito)



Natureza e Sangue

É a lei da natureza que faz o mundo
O ar rarefeito em metros quadrados habitados

Eu respiro pelas veias do chão
Claro é o sangue da infusão
Escuro...
Planta que fabrica o ar
Sangue da ilusão

Ventrículos e o coração
Natureza corroída
Em seu pulmão poluído
Sem horizonte
O andar rápido pelas vias

E um pobre homem
Pela via aperta o passo
A chuva que se aproxima
Ao escutar trovões, ve a vida
E o sangue tinge o coração

Exposto agora, sangra então
Abre o peito e arranca-o
Criatura sem ação, sem coração
Cansou de sua atuação
Sufocou-se! Acabou o ar da vida

Pela falta de amor
Tornou-se poluído seu pulmão
Ar da ilusão
Fim dos tempos de mundos
Pelo vento que arranca os sonhos

E o brilho de ilusão ocultou-se de manhã
Matou as células da natureza
E o meu corpo machucado
Agora ferido pela dor
Necessita do plasma sujo
De poeira, de natureza e sangue.

Davi “El Brujo™”

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Névoa Noturna




Bastaria me beijar
Querer me abraçar
Tal como a morte

Implacável

Que não vê a cor
Da névoa noturna
Que encobrem os desejos

De seu corpo
Que não vê os sentimentos

De seu coração
Que não vê o brilho

Da lua sensual
Ofuscado sempre
pela névoa noturna...

Davi “El Brujo™”